Após a fase desafiadora provocada pela pandemia de Covid-19, o cenário de turismo no Brasil mostra uma recuperação significativa em 2023. Um estudo recente do IBGE revela que os brasileiros estão ansiosos para viajar novamente, com uma clara preferência por destinos ensolarados e à beira-mar. Apesar da recuperação, o comportamento dos viajantes ainda reflete uma cautela econômica, com muitos optando por acomodação na casa de amigos ou familiares.
Os números são impressionantes. Em 2020, o total de viagens nacionais e internacionais realizadas pelos brasileiros foi aproximadamente 13,6 milhões, caindo para 12,3 milhões em 2021 devido às restrições. Contudo, em 2023, este total disparou para 21,1 milhões, representando um aumento robusto de 71,5%. Os gastos com viagens também acompanharam esse crescimento, atingindo mais de R$ 20 bilhões, uma alta de 78,6% em comparação a 2021.
A média de gastos por viagem subiu 7,5%, de R$ 1.525 para R$ 1.639, com famílias de menor renda experimentando um aumento ainda mais acentuado nos gastos. Essa evolução econômica demonstra que, principalmente na classe que recebe até meio salário-mínimo, houve um incremento de 16,2%, refletindo uma recuperação gradual e uma possível melhoria nas condições de vida desta população. Para as famílias de maior rendimento, o aumento foi mais modesto, de 5,6%, alcançando uma média de R$ 2.731 por viagem.
A motivação principal para viajar permanece centrada no lazer, que representou 38,7% das viagens em 2023, um aumento em relação a 33% em 2020, enquanto as visitas a familiares e amigos diminuíram. O apelo por sol e praia continua forte, englobando 46,2% das viagens, com cultura e gastronomia também ganhando espaço, aumentando em 6,0 pontos percentuais.
Em termos de transporte, a utilização de veículos particulares demonstrou uma redução, caindo de 57,5% em 2020 para 51,1% em 2023, com um leve aumento no uso de ônibus e aviões, que agora têm uma participação crescente nas viagens. Para viagens profissionais, o uso de carros particulares também caiu significativamente, enquanto a utilização de voos aumentou consideravelmente.
A pesquisa ainda aborda os locais de hospedagem, mostrando que 41,8% dos viajantes optaram por ficar na casa de amigos ou parentes, especialmente em viagens pessoais. Após a pandemia, nota-se um retorno a acomodações mais convencionais como hotéis, refletindo um desejo de normalidade e interação social.
Um dado fascinante é que, em 2023, cerca de 97% das viagens foram para destinos nacionais. O Sudeste se destacou como a região com o maior número de deslocamentos e gastos, consolidando-se como um importante polo turístico. Além disso, o Nordeste, apesar de apresentando valores baixos de gasto médio quando os viajantes partem da própria região, é um destino muito procurado, especialmente em termos de gastos, quando se considera os visitantes de outras regiões.
Essas informações refletem não apenas o desejo de viajar, mas também a força da recuperação econômica, após um período crítico. Ao priorizarem destinos próximos e ambientes familiares acolhedores, os brasileiros parecem reafirmar seus valores tradicionais e a importância da convivência social, o que deve ser respeitado e incentivado em futuras políticas públicas. Para garantir um crescimento sustentável no turismo, é essencial que as políticas econômicas continuem a apoiar a liberdade de mercado e a segurança necessária para fomentar um ambiente favorável a investimentos turísticos e empresariais.
Fonte: IBGE