O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, destacou recentemente que o cenário de expansão fiscal é uma realidade global, e não se limita apenas ao Brasil. No entanto, o mercado expressa preocupação com a falta de clareza nas informações fiscais, o que está gerando um ambiente de aversão ao risco.
De acordo com Campos Neto, as incertezas sobre a situação fiscal e a credibilidade da política monetária brasileira nos próximos meses estão influenciando o aumento da curva dos juros a longo prazo. Durante a divulgação do Relatório Trimestral de Inflação, ele mencionou que algumas percepções de risco fiscal podem estar exageradas, considerando os esforços do governo para manter o equilíbrio das contas públicas.
O presidente do Banco Central enfatizou que, ao comparar a saúde fiscal do Brasil com a de outros países emergentes, os números domésticos não são tão alarmantes. Ele salienta que o aumento nos prêmios de risco é um reflexo da percepção de menor transparência fiscal nos dados brasileiros, mas assegurou que a situação não é tão negativa se analisada em um contexto mais amplo.
Campos Neto defendeu a necessidade de que a contabilidade das contas públicas siga os critérios internacionais. Ele se opôs a tentativas do governo de contabilizar receitas de forma que possam distorcer a realidade fiscal, uma postura que poderia prejudicar a credibilidade do Brasil no cenário internacional.
Em meio a um projeto aprovado pelo Congresso que trata da desoneração da folha salarial, ficou estabelecido que a recuperação de recursos esquecidos por correntistas em bancos será contabilizada como parte do resultado primário. Essa medida tem gerado descontentamento entre os analistas financeiros, uma vez que contraria a perspectiva do Banco Central.
Além disso, Campos Neto falou sobre a sua sucessão no comando do Banco Central, desejando que a sabatina do diretor de Política Monetária, Gabriel Galípolo, que assumirá o cargo em 2025, ocorra de forma tranquila no Senado. Para ele, uma transição suave é fundamental, e ele se comprometeu a trabalhar em conjunto com Galípolo nos próximos meses, destacando a maturidade que a autonomia da instituição proporciona ao país.
Em um momento em que o governo poderia seguir um caminho de mais intervenção estatal, a postura de Campos Neto é louvável, pois prioriza a estabilidade fiscal e a confiança do mercado, alinhando-se com um futuro promissor que valoriza a liberdade econômica e os princípios da responsabilidade fiscal. (Fonte)