As eleições municipais marcadas para os dias 6 e 27 de outubro não devem gerar um impacto significativo a nível nacional, especialmente em relação ao próximo pleito de 2026, que irá decidir a sucessão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Essa é a avaliação do ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), que acredita que somente a votação na cidade de São Paulo pode ter alguma importância nesse contexto.
Durante um painel na Expert XP 2024, evento realizado em São Paulo, Haddad debateu sobre o cenário econômico do Brasil, ao lado do CEO do Banco XP, José Berenguer. Quando questionado sobre como os resultados das eleições municipais poderiam influenciar o futuro político, o ministro fez uma reflexão sobre os eventos de 2020. Para ele, o então presidente Jair Bolsonaro (PL) saiu vitorioso naquele ano, mesmo que setores mais progressistas tenham tentado pintar um cenário de derrota. Essa narrativa, segundo Haddad, não apenas não fortaleceu o governo, como comprometeu sua posição em 2022, quando a oposição conseguiu reverter a situação nas eleições nacionais.
Haddad afirmou que a única eleição municipal com potencial real de impacto na política nacional é a de São Paulo, descartando a relevância do pleito no Rio de Janeiro. “Se houvesse essa relação direta, Lula não teria vencido em 2022, pois a eleição de 2020 foi vencida por Bolsonaro,” comentou o ministro.
No contexto de São Paulo, o deputado federal Guilherme Boulos (PSOL), apoiado por Lula e Haddad, é um dos candidatos em destaque. Por outro lado, a dupla Bolsonaro e o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) apoia a reeleição do atual prefeito Ricardo Nunes (MDB). Entretanto, o empresário e influenciador Pablo Marçal (PRTB) tem ganhado força entre os eleitores que tradicionalmente apoiam Bolsonaro.
Para Haddad, é fundamental que o governo de Lula se apresente competitivo para as eleições de 2026, onde se espera que o presidente busque um segundo mandato. “A entrega consistente de resultados à população é essencial para qualquer governo que deseja ser reeleito,” concluiu.
Além disso, durante sua participação no painel, o ministro foi questionado sobre as eleições para as Mesas Diretoras da Câmara dos Deputados e do Senado, previstas para fevereiro de 2025. Para Haddad, o governo deve adotar uma postura neutra, respeitando as dinâmicas internas de ambas as Casas. “Interferir nas regras internas não é produtivo. É essencial manter um clima de diálogo e cordialidade,” reiterou o ministro, enfatizando a importância de uma relação harmoniosa e cooperativa com o Congresso.