Aquecimento da Economia e Cenários de Juros: O Impacto das Eleições nos EUA
Com um panorama econômico já agitado devido à inflação em ascensão e incertezas fiscais, o Banco Central do Brasil enfrenta um novo desafio em sua próxima reunião sobre a taxa de juros: a eleição presidencial dos Estados Unidos, que ocorrerá em 5 de novembro. Este evento, que tem grande impacto nas economias globais, coincidirá com a reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), marcada para os dias 5 e 6 de novembro.
Atualmente, a taxa Selic se encontra em 10,75% ao ano, e o cenário se complica pela imprevisibilidade que a eleição americana traz, uma vez que mesmo após o ato de votar, o resultado pode demorar a ser conhecido devido aos procedimentos eleitorais dos EUA.
A disputa entre a democrata Kamala Harris e o republicano Donald Trump está acirrada, com pesquisas apontando um empate nas intenções de voto. Adicionalmente, a reunião do Federal Reserve (Fed), que irá decidir sobre a taxa de juros americana, está agendada para os dias 6 e 7 de novembro, apenas um dia após a definição da Selic pelo Copom. Este fator pode sobrecarregar os diretores do Banco Central brasileiro, que não disporão de informações definitivas sobre a política monetária americana durante suas deliberações.
O coordenador da BGC Liquidez, Daniel Cunha, destacou que a ausência de “referências” da eleição e da decisão do Fed pode exigir que o Banco Central adote uma postura mais resoluta em sua política monetária. Existe uma probabilidade considerável — mesmo que não dominante — de que o Banco Central precise considerar um aumento de 75 pontos-base na Selic.
Nos mercados, há sinalizações positivas sobre a vitória de Trump, com o dólar se valorizando frente ao real, atingindo valores superiores a R$5,73. Esse movimento também é influenciado pela expectativa de uma volta do líder republicano à Casa Branca, especialmente diante de suas promessas de políticas que visam elevar tarifas de importação da China e reduzir impostos, que mesclam elementos de otimismo empresarial com riscos inflacionários.
O cenário incerto faz com que investidores estejam em alerta, principalmente com relação à política fiscal do governo Lula, que levanta preocupações sobre a estabilidade econômica. O “fator Trump” tem fomentado também o aumento nos rendimentos dos Treasuries e nas taxas dos DIs no Brasil, refletindo uma atmosfera de expectativas mistas.
Por fim, o aumento do dólar é uma importante variável que o Banco Central deve monitorar, uma vez que a alta da moeda americana tem repercussões diretas sobre a inflação no Brasil. Atualmente, o mercado precifica uma chance de 90% para um aumento de 50 pontos-base na Selic na próxima reunião do Copom, enquanto 10% apostam em um aumento mais expressivo de 75 pontos-base.
O que podemos observar é que, em tempos de incerteza, é fundamental que as decisões políticas priorizem a estabilidade econômica e a liberdade de mercado, elementos essenciais para um crescimento sustentável e inclusivo. Fonte.