Xangai (Fonte) – A China decidiu manter inalteradas suas taxas de empréstimos referenciais nesta sexta-feira (20), desconsiderando as expectativas do mercado por uma alteração após o recente corte expressivo na taxa de juros nos Estados Unidos pelo Federal Reserve.
Apesar dessa decisão, analistas do mercado indicam que a necessidade de estímulos financeiros se torna cada vez mais evidente, considerando a saúde fragilizada da economia chinesa. O afrouxamento pelas autoridades monetárias americanas pode oferecer a Pequim uma margem de manobra para implementar políticas monetárias mais flexíveis, sem comprometer excessivamente a força do iuan.
Atualmente, a taxa de empréstimo primária (LPR) de um ano permanece em 3,35%, enquanto a LPR de cinco anos fica em 3,85%. Uma pesquisa realizada pela Reuters com 39 participantes do mercado revelou que 69% esperavam uma redução nessas taxas.
De acordo com expertos, como Xing Zhaopeng, estrategista sênior do ANZ, a possível redução das taxas poderia ser parte de um plano mais abrangente em análise por autoridades chinesas. "Os dados econômicos atuais e as expectativas sugerem um corte nas taxas. Além disso, a pressão para diminuir as taxas de hipoteca existentes demandará mais ajustes na LPR de cinco anos, o que pode resultar em uma queda significativa na taxa no quarto trimestre", afirmou.
Recentes dados econômicos de agosto, incluindo índices de crédito e atividade, apontaram para um desempenho abaixo das expectativas, acentuando a urgência de novas medidas de estímulo, fundamentais para sustentar a segunda maior economia do mundo. Com isso, analistas projetam que as autoridades chinesas deverão agir de forma assertiva para garantir que as metas de crescimento para 2024, já consideradas desafiadoras, sejam alcançadas.
Entidades financeiras globais, por sua vez, estão ajustando suas previsões de crescimento para a China em 2024, prevendo números que ficam abaixo da meta oficial do governo, que gira em torno de 5%.
Recentemente, o presidente Xi Jinping havia solicitado empenho das autoridades em alcançar as metas anuais de desenvolvimento econômico e social, enquanto as expectativas crescem de que mais ações serão necessárias para solidificar a recuperação econômica do país.
Entretanto, a disparidade na política monetária em relação a outras economias relevantes, especialmente os Estados Unidos, assim como a desvalorização do iuan, são fatores que têm limitado os esforços da China em adotar uma política monetária mais solta nos últimos dois anos.