O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou que é fundamental abordar a desancoragem das expectativas de inflação e comunicar com clareza a seriedade da instituição em relação à meta de inflação. Ele também destacou a dificuldade de o Brasil manter juros baixos sem a implementação de um choque fiscal positivo.
Em entrevista a uma emissora americana, Campos Neto comentou a atual política de juros do Brasil, que está em um ciclo diferente de muitos outros países. O Brasil foi o primeiro a elevar as taxas e agora é um dos primeiros a considerar cortes. Ele observou que a economia nacional demonstra resiliência, com um mercado de trabalho ajustado e uma recuperação econômica visível.
A meta de inflação, que é de 3%, possui uma margem de tolerância de 1,5 ponto percentual. As novas projeções indicam que a inflação para 2024 está prevista em 4,50% e para 2025 em 3,99%, o que se aproxima do teto da meta. Campos Neto enfatizou a importância de comunicar à população o comprometimento do Banco Central com a meta, refletindo a memória histórica de inflação do país.
Além disso, o presidente do BC reiterou que a estabilidade da taxa de juros está intrinsecamente ligada a uma responsabilidade fiscal. Ele afirmou que é inviável imaginar uma realidade de juros significativamente mais baixos sem um avanço positivo na política fiscal.
Frente a questionamentos sobre sua imparcialidade, Campos Neto reafirmou que as decisões de aumento de juros ocorreram durante a campanha eleitoral de 2022, quando Jair Bolsonaro era o candidato à reeleição que o indicou para o cargo. Ele explicou que buscava a aprovação da autonomia operacional do Banco Central.
No contexto global, Campos Neto comentou sobre a expectativa de um “pouso suave” da economia dos Estados Unidos, o que é relevante para o cenário econômico mundial. Contudo, observou que a próxima administração americana, independentemente de quem vença, pode adotar políticas inflacionárias, o que poderá dificultar a redução dos juros nos EUA, influenciando as economias emergentes, incluindo o Brasil. Ele também mencionou a possibilidade de desaceleração do crescimento da China, resultado das barreiras comerciais, o que poderá impactar a economia brasileira.
A situação exige uma postura firme e a busca por políticas que priorizem a liberdade econômica, a segurança fiscal e os valores que promovem um ambiente próspero para o desenvolvimento nacional.