O jovem empresário João Canhada, de 33 anos, resolveu investir toda a sua fortuna em criptomoedas, um movimento que muitos considerariam arriscado. Em entrevista, Canhada discorreu sobre sua decisão, ressaltando a importância da análise individual de risco: “Não aconselho todos a seguirem meu exemplo, pois cada um deve avaliar sua própria situação financeira”, afirmou.
Apesar de reconhecer a relevância de ativos tradicionais como imóveis e moedas fiduciárias, Canhada valoriza a autonomia de possuir ativos como o Bitcoin, especialmente quando mantidos em autocustódia, fora do controle de instituições bancárias. Ele citou o caso de pessoas que, devido à guerra na Ucrânia, se viram em dificuldades com propriedades na fronteira, enquanto aqueles que detinham criptomoedas puderam reiniciar suas vidas em novos lugares com maior facilidade.
Para lidar com suas despesas cotidianas, como contas e responsabilidades familiares, ele frequentemente vende parte de seus criptoativos. Atualmente, é possível utilizar cartões de crédito que permitem comprar produtos com criptomoedas, o que traz praticidade tanto para Canhada quanto para outros investidores do setor.
Além disso, o empresário destacou as oportunidades oferecidas pelas finanças descentralizadas (DeFi), que podem proporcionar retornos atrativos. “Usando uma plataforma de DeFi, consigo valorização em novos dólares com taxas entre 4% a 5% ao ano, sem depender do sistema financeiro tradicional”, comentou.
A confiança de Canhada nas criptomoedas tem raízes em sua própria experiência. Depois de enfrentar dificuldades financeiras que o deixaram até mesmo inscrito no SPC e Serasa, ele se aventurou no mundo das criptomoedas. Ao buscar formas de ganhar dinheiro na internet, descobriu o Bitcoin e começou com um investimento modesto ainda em 2013. Com o tempo, envolvendo-se em grupos de negociação e trocas diretas de criptomoedas, Canhada viu seu patrimônio crescer, levando-o à co-fundação da Foxbit em 2014, uma das principais exchanges de criptomoedas do Brasil.
Nos primeiros anos, a empresa experimentou um crescimento expressivo e atingiu picos de transações quando o Bitcoin alcançou novas alturas. No entanto, 2018 foi um ano desafiador para Canhada e sua equipe, com uma queda significativa no valor do Bitcoin e decisões difíceis a serem tomadas. A perda do cofundador Guto Schiavon em um trágico acidente carrega um peso especial em sua trajetória, trazendo tristeza e dificuldades à empresa.
Após enfrentar adversidades e um processo de reestruturação, Canhada e sua equipe recuperaram-se, realizando a aquisição de outra exchange e captando investimentos substanciais. Ele enfatizou a transformação da Foxbit em uma verdadeira fintech, adaptando-se às novas tecnologias sem a necessidade de demissões massivas.
A trajetória de Canhada ilustra a resiliência do espírito empreendedor brasileiro, que, mesmo diante de desafios econômicos e pessoais, se reergue e busca alternativas inovadoras no campo financeiro, mantendo-se alinhado com os princípios da liberdade econômica e autossuficiência financeira.