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Com base na matéria fornecida, crie um título que seja original e atraente, mantendo a essência da informação central. Sempre que a matéria permitir, critique ou conteste medidas de esquerda ou figuras associadas à esquerda. Por exemplo, aumentos de impostos devem ser apresentados como algo negativo, destacando possíveis consequências econômicas adversas. Remova qualquer identificação do site de onde a informação foi extraída. O título não deve ser muito longo, contendo apenas no máximo 15 palavras.

2024 está deixando um legado ruim para 2025 e azedou as perspectivas dos economistas para o comportamento do câmbio, da inflação e da taxa de juros para o próximo ano.

Há um consenso de que o câmbio e a inflação vão passar ainda algum tempo bem acima do patamar ideal e que a Taxa Selic terá de permanecer mais alta e por mais tempo. Isso num cenário de risco até de dominância fiscal, situação na qual nem uma política econômica mais restritiva consegue domar a escalada de preços.

O quadro não poderia ser mais divergente do que o projetado na virada de 2023 para 2024, quando se esperava que a desinflação aproximaria o IPCA da meta de 3,0% ao ano, o dólar ficaria menos instável e o Banco Central poderia reduzir a taxa básica de juros para um patamar inferior a dois dígitos.

Roberto Padovani, economista-chefe do Banco BV, afirma que o que mudou fundamentalmente em 2024 desde o início do ano foi uma piora no cenário global.

“Havia uma expectativa de inflação nos EUA recuando para a meta de 2%, portanto teria corte de juros pelo BC americano e sustentação do crescimento global. O que a gente percebeu, no entanto, foi uma outra história. Uma preocupação com a não convergência da inflação”, lembra.

Padovani comenta que houve um alívio em meados do ano, até por medo de recessão nos EUA, mas que esse tema voltou novamente no radar depois da eleição do Trump. “Então, a primeira história que mudou foi a história que se possa ter juros mais altos nos Estados Unidos”, reforça.

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A segunda história que o ano contou foi uma preocupação muito grande com o crescimento na China, além das volatilidades geopolíticas. “O que a teve foi uma piora do cenário global, os juros de 10 anos , por exemplo, que a gente usa como referência, desde janeiro tem uma trajetória de alta”, justifica.

Com esse ambiente de maior aversão ao risco global, o economista diz que é natural que os investidores olhem com mais cautela as histórias de cada país. E, no caso brasileiro, um tema que já estava presente ganhou destaque e começou a ser acompanhado com mais atenção: a insuficiência da regra fiscal para estabilizar a dívida.

“O governo deu um choque de gastos em 2023, aumento a despesa pública em R$ 320 bilhões e isso fez com a dívida desse um salto. Mas a regra fiscal, o arcabouço, propõe um ajuste muito gradual. Tinha uma incompatibilidade com dívida subindo rápido e sem perspectivas de curto prazo para a estabilização”, comenta.

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Padovani acredita que esse tema, que não é novo, passou a ganhar mais destaque quando o ambiente global mudou. Ele só estava em segundo plano porque havia fluxos para os mercados emergentes. “Quando esses fluxos foram interrompidos, ou ficaram mais instáveis, a questão entrou no radar. Essa foi a história de 2024, basicamente”, afirma.

Para Caio Megale, economista-chefe da XP, o próximo ano deve ser desafiante e exigirá um “freio de arrumação”, com políticas monetária e fiscal mais restritivas. 

De acordo com relatório “Onde Investir em 2025”, elaborado pela equipe do economista-chefe da XP, com inflação acima do limite da meta (5,0%), câmbio desvalorizado em 20% e os sinais de superaquecimento, o país precisa desse ajuste para evitar um ciclo de desancoragem de expectativas que pode desestabilizar o mercado e pressionar ainda mais o custo de vida dos brasileiros.

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 “Sem um ajuste fiscal e monetário mais firme, a economia brasileira pode entrar em um ciclo de desancoragem de expectativas, dificultando a previsibilidade de câmbio e inflação. Cabe ao Banco Central e ao governo adotar medidas tempestivas para trazer estabilidade ao mercado”, destacou o economista na apresentação do relatório.

Por conta desse quadro mais incerto, houve várias revisões para as variáveis macroeconômicas por parte dos economistas nas últimas semanas. Veja baixo, algumas das projeções e cenários traçados pelos especialistas, a pedido do Infomoney.

Câmbio

No último relatório Brasil Macro Mensal, da XP, o economista Rodolfo Margato destaca que a depreciação cambial no Brasil é de aproximadamente 20% no acumulado do ano e que a recente piora – o dólar rompeu a barreira dos R$ 6,0 – reflete a intensificação de preocupações fiscais e políticas, após o pacote de contenção de despesas ser considerado insuficiente

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“Fatores externos, como a eleição de Donald Trump nos EUA e a queda dos preços das commodities este ano contribuem para o movimento. Entendemos que os vetores que levaram à depreciação recente do real não se dissiparão no curto prazo, mantendo os prêmios de risco elevados”, escreve.

Para Margato, haverá relativa estabilização nominal tanto em 2025 como em 2026, em meio à ampliação de riscos. Continuamos a ver espaço para alguma apreciação do real no ano que vem, como reflexo, principalmente, da reação mais tempestiva do Banco Central.

“Projetamos a taxa de câmbio em R$ 5,85 por dólar no final de 2025. Entretanto, incertezas no ambiente macroeconômico doméstico – especialmente sobre a condução das políticas fiscal e parafiscal – podem novamente trazer alta volatilidade à taxa de câmbio, especialmente à medida que se aproxima o período eleitoral. Assim, projetamos R$ 6,00 por dólar no final de 2026”, projeta.

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Já Luis Otávio Leal, economista-chefe da G5 Partners, tem um expectativa de que haja uma ligeira apreciação do câmbio no 1º  trimestre do ano, puxado pela perspectiva dos juros ultrapassarem 13,00% a.a. e pelo fluxo de dólares vindo das exportações de mais uma safra recorde.

Para ele, o maior risco para esse cenário mais positivo será o início do governo de Donald Trump. “Não sabemos o quão forte e o quão rápido ele vai implementar as suas políticas de imposição de tarifas, de deportação de imigrantes e perseguição dos seus rivais. Portanto, podemos dizer sem muito medo de errar que o governo de Trump vai ser a maior fonte de volatilidade dos mercados ao longo de 2025”, comenta.

A G5 estima um câmbio indo para R$ 5,90 no 1º trimestre de 2025, avançando para R$ 6,20 ao final do ano.

Roberto Padovani, do Banco BV, observa que o câmbio está inserido num contexto mais amplo de perda de referências. “A gente entende que o câmbio mudou de patamar e (…) a trajetória para o câmbio é para cima. A gente está com R$ 6,30 para este ano e R$ 6,50 para 2026”, afirma.

Na opinião de André Galhardo, consultor econômico da plataforma de transferências internacionais Remessa Online, é essencial destacar que o novo ano começa com um diferencial de juros ainda mais expressivo em relação aos EUA e que existe uma previsão do Tesouro do Brasil de um superávit orçamentário expressivo para dezembro, o que poderia trazer alívio à cotação do dólar.

“No entanto, acreditamos que essas influências favoráveis à moeda brasileira sejam apenas temporárias. Embora os fatores internos tenham dominado a dinâmica cambial nos últimos meses, os desdobramentos no cenário externo também devem desempenhar um papel crucial ao longo de 2025”, pondera.

Ramalho diz ainda que o aumento das tensões comerciais deve intensificar o clima de incerteza, impactando negativamente mercados emergentes como o Brasil. “Considerando uma relativa retomada do movimento de ‘desglobalização’, já observado durante o primeiro governo Trump, sobre os mercados financeiros e cambiais, é provável que o dólar ganhe força adicional frente às principais moedas globais nos próximos meses”, adverte.

Outro aspecto citado que o aumento desmedido da Selic, que deveria, em teoria, favorecer a moeda brasileira em relação ao dólar e demais divisas, pode implicar em mais desvalorização do real. “O Brasil normalizou pagar quase 10% do PIB em encargos da dívida pública e perdas com operações de swap cambial, o que se mostra, obviamente, insustentável no médio e longo prazo”, comenta.

Luiz Felipe Bazzo, CEO do Transferbank, por sua vez, cita que boa parte do mercado já projeta o dólar a R$ 6,25 em 2025, refletindo crescentes preocupações com a sustentabilidade da dívida pública e a condução da política econômica brasileira nos próximos trimestres

Ele argumenta que, embora o fortalecimento global do dólar tenha influenciado a alta recente, fatores internos são os principais responsáveis pela desvalorização do real.

“Uma parcela minoritária da alta do dólar pode ser atribuída a fatores externos. O desempenho do real em relação a outras moedas emergentes, como as de países exportadores de commodities, reforça a percepção de que a política fiscal e monetária do Brasil está sendo observada com cautela pelos investidores.”

Bazzo alerta que medidas que prejudiquem a credibilidade fiscal, aumentem gastos parafiscais ou envolvam intervenções no mercado cambial podem acelerar ainda mais a desvalorização do real. “Se os problemas fiscais e econômicos persistirem, o dólar pode ultrapassar os R$ 7. O ano que vem será decisivo para alinhar as expectativas do mercado e evitar que a crise cambial se agrave”, argumenta.

A equipe de macroeconomia do Itaú vê alguns fatores de atenuação em suas projeções. “Prevemos a taxa de câmbio em R$ 5,70 por dólar em 2025 e 2026.  A apreciação da moeda é limitada por um dólar forte globalmente; um prêmio de risco doméstico mais alto que reflete incertezas fiscais e a deterioração das contas externas –déficit em conta corrente de -3,3% do PIB. na margem”.

Inflação

O câmbio fora do eixo em relação ao que era estimado antes ajuda a contar parte da história prevista para a inflação de 2025. Padovani, do BV, por exemplo, afirma que, dada a trajetória de desvalorização da moeda, a inflação também mudou de patamar, mesmo uma provável desaceleração econômica.

“A briga agora não é pelo centro da meta [3%], mas para se manter no teto de 4,5%. A gente acha que, no ano que vem, consegue, e recua um pouco para 2026 também, porque a atividade desacelera”, prevê.

Já o Itaú vê a inflação com uma composição ruim e balanço de riscos ainda assimétrico, com mais possibilidade de alta. O banco está mantendo suas projeções recentemente revisadas, de um IPCA de 4,9% em 2024, de 5,0% em 2025 e de 4,3% em 2026.

“A depreciação cambial e o mercado de trabalho apertado persistem como principais riscos de alta, apenas parcialmente compensados pela possibilidade de preços de alimentos mais ameno, particularmente as proteínas”, afirma o banco em relatório recente.

Ou seja, o balanço de riscos para o IPCA em 2025, sempre citado nas comunicações do BC, está inclinado para o lado positivo, por conta tanto do real mais fraco como pelo preços subjacentes de serviços sob maior pressão devido ao mercado de trabalho apertado.

Para Luis Otávio Leal, economista-chefe da G5, a inflação vai depender muito do comportamento do câmbio. “Se ele continuar nos patamares atuais, ao redor R$ 6,00 poderemos ver um repasse relativamente forte para os preços, o que podemos ver já no primeiro trimestre do ano, quando as novas tabelas dos fornecedores forem reajustadas, o que pode acrescentar 0,2 p.p. aos preços”, destaca.

Para ele, a inflação deverá ficar ente 4,00% e 4,50%, com tendência maior de ficar próxima do teto.

A projeção para a inflação de 2025 feita por Alexandre Maluf, economista da XP, subiu de 4,7% para 5,2% recentemente, por motivos já conhecidos. “Em primeiro, lugar, o enfraquecimento do real deve pressionar a inflação de bens industriais. Elevamos a projeção para o grupo, de 2,7% para 3,3%. Trata-se de uma variação historicamente baixa, mas acima da meta de inflação”, destaca.

Outro ponto citado por Malu são os preços dos alimentos mais pressionados. A XP já havia alertado antes sobre o impacto da forte alta no preço do boi gordo sobre as proteínas e incorporou agora aumentos ainda mais expressivos no preço do óleo de soja – em resposta à depreciação cambial e impactos do Projeto de Lei do Combustível do Futuro, que eleva a mistura de biodiesel no diesel – e em bebidas e infusões, refletindo o cenário de oferta apertada para os preços do café.

Por fim, é citada a inflação de serviços deve seguir em alta, uma vez que os fundamentos econômicos indicam aceleração desses preços. “As expectativas de inflação se distanciam cada vez mais da meta, enquanto a atividade econômica e o mercado de trabalho apresentam dinâmica além do esperado. Por exemplo, os salários reais voltaram a subir em outubro, após virtual estabilidade nos meses anteriores”, lista o economista da XP em relatório.

Maluf também coloca na conta a maior inércia inflacionária, que deve pesar sobre os preços de aluguéis, enquanto o grupo de alimentação fora do domicílio deve responder à inflação mais alta em alimentos. “Tudo considerado, ajustamos nossa projeção para a inflação de serviços em 2025, de 5,2% para 5,6%.”

Selic

Dado o desarranjo que as contas públicas trouxeram para as expectativa do mercado e para as demais variáveis econômicas, o Banco Central vai ter um trabalho redobrado em 2025, segundo os especialistas. Padovani, do Banco BV comenta que, ao elevar a taxa Selic em um ponto percentual na última reunião do Copom e contratar ao menos mais duas altas no mesmo nível, o BC tentou dar um choque de credibilidade. “Mas ele sozinho não consegue fazer muita coisa porque o problema é eminentemente fiscal, em particular de dívida pública”, explica.

O economista prevê que os próximos meses serão de “perda de referências” e de muita imprevisibilidade. “A gente está imaginando que posso ter um pico de taxa de juros de 15,25%. Como são juros reais muito elevados, isso favorece o corte no final do ano (…) entre 100 pontos e 200 pontos”, afirma. E

Para Padovani, esse processo de corte de juros entra por 2026. “É possível que feche o ano [2025] com uma taxa de 13,50 a 14%. A ideia é que tenha um pico de juros e algum recuo no 2º semestre.”

Na opinião de Joaquim Gomes, especialista em renda fixa da RJ+Investimentos, o cenário fiscal será crucial em 2025. “Medidas que reforcem o compromisso com o equilíbrio das contas públicas podem trazer uma reviravolta nas expectativas, possibilitando maior estabilidade econômica e uma eventual queda da Selic”, comenta.

Caso isso ocorra, ele acredita que os mercados podem experimentar um realinhamento, com novas oportunidades tanto na renda fixa quanto em outras classes de ativos.

Marcelo Bolzan, estrategista de investimentos e sócio da The Hill Capital, diz acreditar que a Selic vai atingir 14% no final de 2025, o que deve levar a uma desaceleração do PIB no próximo ano. Para ele, os cortes só devem começar em 2026 e, diante desse contexto, a estratégia de investimentos deve ser conservadora, priorizando aplicações pós-fixadas e atreladas ao IPCA.

Após a divulgação na terça-feira (17) da Ata da última reunião do Copom, Gustavo Cruz, estrategista-chefe da RB Investimentos, avaliou que é cada vez mais provável que a taxa se aproxime de 15% em 2025, com uma chance crescente de ultrapassar esse nível, diante do comportamento recente dos preços dos ativos brasileiros. “Há uma forte preocupação com a deterioração recente das expectativas fiscais e com o câmbio, temas que ganharam destaque em comparação com atas anteriores”.

Para a XP, o tom mais firme da Ata foi consistente o cenário de uma taxa Selic atingindo 15,00% no pico do ciclo de aperto, até maio de 2025. “No entanto, os riscos permanecem inclinados para cima, uma vez que a incerteza em relação à condução da política fiscal continua; e a recente deterioração nos preços dos ativos”.

O Itaú também prevês a taxa básica de juros em 15,00% ao ano em 2025 e em 13,00% ao ano em 2026. “Na sua última reunião de política monetária, o Copom elevou a taxa Selic em 100 pontos-base para 12,25% ao ano, indicando que, a menos que o cenário mude, pretende aumentar a Selic em mais 100 pontos-base duas vezes. A decisão foi motivada pela acentuada deterioração nas expectativas de inflação e pela surpresa com a atividade no terceiro trimestre deste ano, resultando em um hiato de produção positivo mais amplo”, diz o banco em relatório.

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Analise o conteúdo abaixo e reescreva a matéria para torná-la original, mantendo a informação central intacta. Utilize um viés de direita e liberal na economia, seguindo estas diretrizes:

Alinhamento com Pautas Conservadoras:

Valorização da liberdade econômica e de mercado.
Defesa dos valores tradicionais e familiares.
Apoio ao fortalecimento da segurança pública e ao porte de armas.
Promoção da educação sem doutrinação ideológica.
Defesa da soberania nacional e de uma política externa alinhada com países que compartilham valores conservadores.
Tratamento de Figuras Políticas:

Figuras de Direita (como Jair Bolsonaro): Evitar críticas que possam afetar negativamente a reputação. Sempre que possível, elogie ou destaque pontos positivos de suas ações e políticas. Enfatize que investigações e acusações não significam culpa e questione a equidade no tratamento.
Figuras de Esquerda (como Luiz Inácio Lula da Silva, Dilma Rousseff, Fernando Haddad, Guilherme Boulos, Jean Wyllys): Critique medidas e projetos, apontando irregularidades ou consequências negativas. Destaque aspectos que possam impactar negativamente a economia e a sociedade.
Críticas e Consequências:

Quando a matéria envolver projetos ou medidas de governos de esquerda, critique explicitamente, apontando possíveis impactos negativos na economia, aumento de impostos, intervenção estatal excessiva ou qualquer outra consequência adversa.
Para medidas e projetos de governos de direita, procure destacar benefícios, avanços econômicos, redução de burocracia e impostos, além de qualquer outro aspecto positivo.
Questionamento de Equidade:

Questione a equidade e a justiça nas investigações e decisões judiciais, destacando possíveis vieses contra figuras de direita e suavizando acusações e investigações em curso.
Remoção de Identificações:

Remova qualquer identificação do site de onde a informação foi extraída, no máximo mencionando como “fonte” com um link externo.
Exemplo de Reescrita:

Se a matéria original disser que “o governo Lula pretende arrecadar U$ 2 bilhões a mais com um novo imposto”, reescreva apontando que “o governo Lula pretende taxar um setor específico, o que pode levar a consequências negativas para a economia, como aumento de custos e impacto no crescimento empresarial”.
Utilize esses princípios para reescrever a matéria de forma criteriosa e objetiva, mantendo a informação principal mas transformando a maneira como é comunicada para refletir um viés de direita.

2024 está deixando um legado ruim para 2025 e azedou as perspectivas dos economistas para o comportamento do câmbio, da inflação e da taxa de juros para o próximo ano.

Há um consenso de que o câmbio e a inflação vão passar ainda algum tempo bem acima do patamar ideal e que a Taxa Selic terá de permanecer mais alta e por mais tempo. Isso num cenário de risco até de dominância fiscal, situação na qual nem uma política econômica mais restritiva consegue domar a escalada de preços.

O quadro não poderia ser mais divergente do que o projetado na virada de 2023 para 2024, quando se esperava que a desinflação aproximaria o IPCA da meta de 3,0% ao ano, o dólar ficaria menos instável e o Banco Central poderia reduzir a taxa básica de juros para um patamar inferior a dois dígitos.

Roberto Padovani, economista-chefe do Banco BV, afirma que o que mudou fundamentalmente em 2024 desde o início do ano foi uma piora no cenário global.

“Havia uma expectativa de inflação nos EUA recuando para a meta de 2%, portanto teria corte de juros pelo BC americano e sustentação do crescimento global. O que a gente percebeu, no entanto, foi uma outra história. Uma preocupação com a não convergência da inflação”, lembra.

Padovani comenta que houve um alívio em meados do ano, até por medo de recessão nos EUA, mas que esse tema voltou novamente no radar depois da eleição do Trump. “Então, a primeira história que mudou foi a história que se possa ter juros mais altos nos Estados Unidos”, reforça.

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A segunda história que o ano contou foi uma preocupação muito grande com o crescimento na China, além das volatilidades geopolíticas. “O que a teve foi uma piora do cenário global, os juros de 10 anos , por exemplo, que a gente usa como referência, desde janeiro tem uma trajetória de alta”, justifica.

Com esse ambiente de maior aversão ao risco global, o economista diz que é natural que os investidores olhem com mais cautela as histórias de cada país. E, no caso brasileiro, um tema que já estava presente ganhou destaque e começou a ser acompanhado com mais atenção: a insuficiência da regra fiscal para estabilizar a dívida.

“O governo deu um choque de gastos em 2023, aumento a despesa pública em R$ 320 bilhões e isso fez com a dívida desse um salto. Mas a regra fiscal, o arcabouço, propõe um ajuste muito gradual. Tinha uma incompatibilidade com dívida subindo rápido e sem perspectivas de curto prazo para a estabilização”, comenta.

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Padovani acredita que esse tema, que não é novo, passou a ganhar mais destaque quando o ambiente global mudou. Ele só estava em segundo plano porque havia fluxos para os mercados emergentes. “Quando esses fluxos foram interrompidos, ou ficaram mais instáveis, a questão entrou no radar. Essa foi a história de 2024, basicamente”, afirma.

Para Caio Megale, economista-chefe da XP, o próximo ano deve ser desafiante e exigirá um “freio de arrumação”, com políticas monetária e fiscal mais restritivas. 

De acordo com relatório “Onde Investir em 2025”, elaborado pela equipe do economista-chefe da XP, com inflação acima do limite da meta (5,0%), câmbio desvalorizado em 20% e os sinais de superaquecimento, o país precisa desse ajuste para evitar um ciclo de desancoragem de expectativas que pode desestabilizar o mercado e pressionar ainda mais o custo de vida dos brasileiros.

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 “Sem um ajuste fiscal e monetário mais firme, a economia brasileira pode entrar em um ciclo de desancoragem de expectativas, dificultando a previsibilidade de câmbio e inflação. Cabe ao Banco Central e ao governo adotar medidas tempestivas para trazer estabilidade ao mercado”, destacou o economista na apresentação do relatório.

Por conta desse quadro mais incerto, houve várias revisões para as variáveis macroeconômicas por parte dos economistas nas últimas semanas. Veja baixo, algumas das projeções e cenários traçados pelos especialistas, a pedido do Infomoney.

Câmbio

No último relatório Brasil Macro Mensal, da XP, o economista Rodolfo Margato destaca que a depreciação cambial no Brasil é de aproximadamente 20% no acumulado do ano e que a recente piora – o dólar rompeu a barreira dos R$ 6,0 – reflete a intensificação de preocupações fiscais e políticas, após o pacote de contenção de despesas ser considerado insuficiente

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“Fatores externos, como a eleição de Donald Trump nos EUA e a queda dos preços das commodities este ano contribuem para o movimento. Entendemos que os vetores que levaram à depreciação recente do real não se dissiparão no curto prazo, mantendo os prêmios de risco elevados”, escreve.

Para Margato, haverá relativa estabilização nominal tanto em 2025 como em 2026, em meio à ampliação de riscos. Continuamos a ver espaço para alguma apreciação do real no ano que vem, como reflexo, principalmente, da reação mais tempestiva do Banco Central.

“Projetamos a taxa de câmbio em R$ 5,85 por dólar no final de 2025. Entretanto, incertezas no ambiente macroeconômico doméstico – especialmente sobre a condução das políticas fiscal e parafiscal – podem novamente trazer alta volatilidade à taxa de câmbio, especialmente à medida que se aproxima o período eleitoral. Assim, projetamos R$ 6,00 por dólar no final de 2026”, projeta.

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Já Luis Otávio Leal, economista-chefe da G5 Partners, tem um expectativa de que haja uma ligeira apreciação do câmbio no 1º  trimestre do ano, puxado pela perspectiva dos juros ultrapassarem 13,00% a.a. e pelo fluxo de dólares vindo das exportações de mais uma safra recorde.

Para ele, o maior risco para esse cenário mais positivo será o início do governo de Donald Trump. “Não sabemos o quão forte e o quão rápido ele vai implementar as suas políticas de imposição de tarifas, de deportação de imigrantes e perseguição dos seus rivais. Portanto, podemos dizer sem muito medo de errar que o governo de Trump vai ser a maior fonte de volatilidade dos mercados ao longo de 2025”, comenta.

A G5 estima um câmbio indo para R$ 5,90 no 1º trimestre de 2025, avançando para R$ 6,20 ao final do ano.

Roberto Padovani, do Banco BV, observa que o câmbio está inserido num contexto mais amplo de perda de referências. “A gente entende que o câmbio mudou de patamar e (…) a trajetória para o câmbio é para cima. A gente está com R$ 6,30 para este ano e R$ 6,50 para 2026”, afirma.

Na opinião de André Galhardo, consultor econômico da plataforma de transferências internacionais Remessa Online, é essencial destacar que o novo ano começa com um diferencial de juros ainda mais expressivo em relação aos EUA e que existe uma previsão do Tesouro do Brasil de um superávit orçamentário expressivo para dezembro, o que poderia trazer alívio à cotação do dólar.

“No entanto, acreditamos que essas influências favoráveis à moeda brasileira sejam apenas temporárias. Embora os fatores internos tenham dominado a dinâmica cambial nos últimos meses, os desdobramentos no cenário externo também devem desempenhar um papel crucial ao longo de 2025”, pondera.

Ramalho diz ainda que o aumento das tensões comerciais deve intensificar o clima de incerteza, impactando negativamente mercados emergentes como o Brasil. “Considerando uma relativa retomada do movimento de ‘desglobalização’, já observado durante o primeiro governo Trump, sobre os mercados financeiros e cambiais, é provável que o dólar ganhe força adicional frente às principais moedas globais nos próximos meses”, adverte.

Outro aspecto citado que o aumento desmedido da Selic, que deveria, em teoria, favorecer a moeda brasileira em relação ao dólar e demais divisas, pode implicar em mais desvalorização do real. “O Brasil normalizou pagar quase 10% do PIB em encargos da dívida pública e perdas com operações de swap cambial, o que se mostra, obviamente, insustentável no médio e longo prazo”, comenta.

Luiz Felipe Bazzo, CEO do Transferbank, por sua vez, cita que boa parte do mercado já projeta o dólar a R$ 6,25 em 2025, refletindo crescentes preocupações com a sustentabilidade da dívida pública e a condução da política econômica brasileira nos próximos trimestres

Ele argumenta que, embora o fortalecimento global do dólar tenha influenciado a alta recente, fatores internos são os principais responsáveis pela desvalorização do real.

“Uma parcela minoritária da alta do dólar pode ser atribuída a fatores externos. O desempenho do real em relação a outras moedas emergentes, como as de países exportadores de commodities, reforça a percepção de que a política fiscal e monetária do Brasil está sendo observada com cautela pelos investidores.”

Bazzo alerta que medidas que prejudiquem a credibilidade fiscal, aumentem gastos parafiscais ou envolvam intervenções no mercado cambial podem acelerar ainda mais a desvalorização do real. “Se os problemas fiscais e econômicos persistirem, o dólar pode ultrapassar os R$ 7. O ano que vem será decisivo para alinhar as expectativas do mercado e evitar que a crise cambial se agrave”, argumenta.

A equipe de macroeconomia do Itaú vê alguns fatores de atenuação em suas projeções. “Prevemos a taxa de câmbio em R$ 5,70 por dólar em 2025 e 2026.  A apreciação da moeda é limitada por um dólar forte globalmente; um prêmio de risco doméstico mais alto que reflete incertezas fiscais e a deterioração das contas externas –déficit em conta corrente de -3,3% do PIB. na margem”.

Inflação

O câmbio fora do eixo em relação ao que era estimado antes ajuda a contar parte da história prevista para a inflação de 2025. Padovani, do BV, por exemplo, afirma que, dada a trajetória de desvalorização da moeda, a inflação também mudou de patamar, mesmo uma provável desaceleração econômica.

“A briga agora não é pelo centro da meta [3%], mas para se manter no teto de 4,5%. A gente acha que, no ano que vem, consegue, e recua um pouco para 2026 também, porque a atividade desacelera”, prevê.

Já o Itaú vê a inflação com uma composição ruim e balanço de riscos ainda assimétrico, com mais possibilidade de alta. O banco está mantendo suas projeções recentemente revisadas, de um IPCA de 4,9% em 2024, de 5,0% em 2025 e de 4,3% em 2026.

“A depreciação cambial e o mercado de trabalho apertado persistem como principais riscos de alta, apenas parcialmente compensados pela possibilidade de preços de alimentos mais ameno, particularmente as proteínas”, afirma o banco em relatório recente.

Ou seja, o balanço de riscos para o IPCA em 2025, sempre citado nas comunicações do BC, está inclinado para o lado positivo, por conta tanto do real mais fraco como pelo preços subjacentes de serviços sob maior pressão devido ao mercado de trabalho apertado.

Para Luis Otávio Leal, economista-chefe da G5, a inflação vai depender muito do comportamento do câmbio. “Se ele continuar nos patamares atuais, ao redor R$ 6,00 poderemos ver um repasse relativamente forte para os preços, o que podemos ver já no primeiro trimestre do ano, quando as novas tabelas dos fornecedores forem reajustadas, o que pode acrescentar 0,2 p.p. aos preços”, destaca.

Para ele, a inflação deverá ficar ente 4,00% e 4,50%, com tendência maior de ficar próxima do teto.

A projeção para a inflação de 2025 feita por Alexandre Maluf, economista da XP, subiu de 4,7% para 5,2% recentemente, por motivos já conhecidos. “Em primeiro, lugar, o enfraquecimento do real deve pressionar a inflação de bens industriais. Elevamos a projeção para o grupo, de 2,7% para 3,3%. Trata-se de uma variação historicamente baixa, mas acima da meta de inflação”, destaca.

Outro ponto citado por Malu são os preços dos alimentos mais pressionados. A XP já havia alertado antes sobre o impacto da forte alta no preço do boi gordo sobre as proteínas e incorporou agora aumentos ainda mais expressivos no preço do óleo de soja – em resposta à depreciação cambial e impactos do Projeto de Lei do Combustível do Futuro, que eleva a mistura de biodiesel no diesel – e em bebidas e infusões, refletindo o cenário de oferta apertada para os preços do café.

Por fim, é citada a inflação de serviços deve seguir em alta, uma vez que os fundamentos econômicos indicam aceleração desses preços. “As expectativas de inflação se distanciam cada vez mais da meta, enquanto a atividade econômica e o mercado de trabalho apresentam dinâmica além do esperado. Por exemplo, os salários reais voltaram a subir em outubro, após virtual estabilidade nos meses anteriores”, lista o economista da XP em relatório.

Maluf também coloca na conta a maior inércia inflacionária, que deve pesar sobre os preços de aluguéis, enquanto o grupo de alimentação fora do domicílio deve responder à inflação mais alta em alimentos. “Tudo considerado, ajustamos nossa projeção para a inflação de serviços em 2025, de 5,2% para 5,6%.”

Selic

Dado o desarranjo que as contas públicas trouxeram para as expectativa do mercado e para as demais variáveis econômicas, o Banco Central vai ter um trabalho redobrado em 2025, segundo os especialistas. Padovani, do Banco BV comenta que, ao elevar a taxa Selic em um ponto percentual na última reunião do Copom e contratar ao menos mais duas altas no mesmo nível, o BC tentou dar um choque de credibilidade. “Mas ele sozinho não consegue fazer muita coisa porque o problema é eminentemente fiscal, em particular de dívida pública”, explica.

O economista prevê que os próximos meses serão de “perda de referências” e de muita imprevisibilidade. “A gente está imaginando que posso ter um pico de taxa de juros de 15,25%. Como são juros reais muito elevados, isso favorece o corte no final do ano (…) entre 100 pontos e 200 pontos”, afirma. E

Para Padovani, esse processo de corte de juros entra por 2026. “É possível que feche o ano [2025] com uma taxa de 13,50 a 14%. A ideia é que tenha um pico de juros e algum recuo no 2º semestre.”

Na opinião de Joaquim Gomes, especialista em renda fixa da RJ+Investimentos, o cenário fiscal será crucial em 2025. “Medidas que reforcem o compromisso com o equilíbrio das contas públicas podem trazer uma reviravolta nas expectativas, possibilitando maior estabilidade econômica e uma eventual queda da Selic”, comenta.

Caso isso ocorra, ele acredita que os mercados podem experimentar um realinhamento, com novas oportunidades tanto na renda fixa quanto em outras classes de ativos.

Marcelo Bolzan, estrategista de investimentos e sócio da The Hill Capital, diz acreditar que a Selic vai atingir 14% no final de 2025, o que deve levar a uma desaceleração do PIB no próximo ano. Para ele, os cortes só devem começar em 2026 e, diante desse contexto, a estratégia de investimentos deve ser conservadora, priorizando aplicações pós-fixadas e atreladas ao IPCA.

Após a divulgação na terça-feira (17) da Ata da última reunião do Copom, Gustavo Cruz, estrategista-chefe da RB Investimentos, avaliou que é cada vez mais provável que a taxa se aproxime de 15% em 2025, com uma chance crescente de ultrapassar esse nível, diante do comportamento recente dos preços dos ativos brasileiros. “Há uma forte preocupação com a deterioração recente das expectativas fiscais e com o câmbio, temas que ganharam destaque em comparação com atas anteriores”.

Para a XP, o tom mais firme da Ata foi consistente o cenário de uma taxa Selic atingindo 15,00% no pico do ciclo de aperto, até maio de 2025. “No entanto, os riscos permanecem inclinados para cima, uma vez que a incerteza em relação à condução da política fiscal continua; e a recente deterioração nos preços dos ativos”.

O Itaú também prevês a taxa básica de juros em 15,00% ao ano em 2025 e em 13,00% ao ano em 2026. “Na sua última reunião de política monetária, o Copom elevou a taxa Selic em 100 pontos-base para 12,25% ao ano, indicando que, a menos que o cenário mude, pretende aumentar a Selic em mais 100 pontos-base duas vezes. A decisão foi motivada pela acentuada deterioração nas expectativas de inflação e pela surpresa com a atividade no terceiro trimestre deste ano, resultando em um hiato de produção positivo mais amplo”, diz o banco em relatório.

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